sábado, 8 de março de 2008

Devaneios do Banho da Madrugada


Passeios em parques, aula de yoga, meditação, conversar com amigos ou estranhos, ler coisas correlatas ao assunto desejado costumam ser boas fontes de inspiração. Para os outros. Eu, sem que me desse conta, apeguei-me a uma um pouquinho inusitada.

Certa vez, acompanhando uma amiga que visitava Natal, conhecemos um rapaz de SP que viajava sozinho. Simpático, bonitinho (tá, não era um primor estético irretocável, mas não fazia vergonha dar uma voltinha de mãos dadas no shopping...) e muitíssimo bem sucedido. O sujeito em questão explicou à gente que uma mulher, tida por ele como um “guru” (que na verdade devia ser nada mal remunerada a cada conselho dado) o orientou a perambular pelo mundo para arejar a cabeça e tomar uma grande decisão em relação aos seus negócios e relacionamentos interpessoais (menino, que coisa maarrr chique!). Não vou falar seu roteiro de viagem para não causar inveja, mas enfim, essa foi sua forma sofríiiivel de se centrar em uma decisão.

Como nas minhas posses não cabem longas viagens, cruzeiros, horas a fio pensando na vida aconchegada entre almofadas produzidas com a mais pura seda indiana confeccionadas por eunucos paquistaneses retidos num mosteiro chinês, falemos do Banho.

É. “O” Banho. Falo aqui sobre O Banho da Madrugada. Dia desses me dei conta que as decisões mais difíceis, as mais acertadas, as mais insanas, as mais radicais e as mais importantes tomei durante o tal Banho. Esse Banho é aquele “pós-festa”. Enquanto escovo os dentes, passo trocentos produtos para retirar a maquiagem escura e cutuco o pé para tirar todo o resquício de sujeira, minha cabecinha loira vai a mil.

Às vezes tudo me vem em forma de texto, com parágrafos e pontuações, outras em extensos diálogos (com quem? Sei lá! Tem que perguntar à minha buchinha azul ou aos shampoos amontoados no cantinho do box, que presenciam essa cena toda). O que interessa é que num dado momento de higiene pessoal me acende uma luzinha, como aquela do professor Pardal tendo uma idéia mirabolante.

PLIM! Próxima semana vou ao RJ fazer meu estágio de acupuntura. PLIM! Esse relacionamento não está me fazendo bem, tenho que pôr um ponto final. PLIM! Vou largar tudo aqui para passar outra temporada fora de casa para agilizar as coisas do mestrado. PLIM! Vou fazer isso, isso e aquilo (ah, essas ainda não foram realizadas e tenho pânico de divulgá-las antes do tempo certo). PLIM! O nome vai ser esse, minha meta aquela e vou fazer desse jeito. E tudo vai se desenhando, tornando-se nítido e lógico como uma operação matemática básica. Mesmo que no Banho do fim de semana seguinte (não que meus banhos sejam semanais, mas O Banho geralmente é) eu mude completamente de idéia ou arrume uma forma mais adequada para a solução do problema. Às vezes coloco o devaneio em prática tão rápido que nem dá tempo de ser lapidado no próximo Banho. Mas ai já me lasquei e remendei sob outra fonte de inspiração...

Confesso às vezes entrar no box meio receosa com minha inevitável enxurrada de pensamentos. Mas ao girar a torneira já foco no meu quebra-cabeça infindável de pendências. E não me taxem de ecologicamente incorreta por deixar correr muita água e gastar preciosa energia elétrica: tudo isso ocorre em pouquíssimos minutos...


(trilha sonora nesse momento forçada por algum estabelecimento –ou residência- da redondeza: Elza Soares esgoel...cantando “Eu só queeeeero é ser felizzzz, andar tranquilamente na favela onde euuu naISci!!!!!!!!” . UOU!)

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom Dani! =D
Add aos favoritos e espero q vc poste mais e mais...

;*

Liginha disse...

Dani... ói eu aq tb!
Mandou vir pastar aq e eu vim!
Mas sobre o texto, só vc mesmo!
Texto inteligente e criativo, como todas as suas indagações!

Beijinho!!!!

Lisias disse...

Tenho saudades de quando um sininho tocava fazendo PLIM...

Ultimamente, o que anda ressonando são bigornas, quando caem na minha cabeça dura. X-P